Anjos e demonios
Na roda presa ao fosse que verte água ouço um tiro
recebo um soco
dou de volta um livro sobre a dor
e os carros se atrapalham na larga avenida que cruza teu quintal
com o banho interrompido saio sujo de uma procissão
tropeço em um santo que me pede desculpas
a verdade falha e tarda
cães mordem o próprio rabo
e a ambulancia em velocidade de queda livre
suporta no maximo um doente
minha única preocupação foi barrada na porta
chegou adiantada demais
quis a fada da casa verde outra explicação
quis o policial abraçar um mosaico de cocaina
e a fumaça densa e quente dissipou no ar
quanto desperdicio
procuremos então um oficio
a roda presa gira e de lá sobra uma melodia que não é pra ninguém
mas todos ouvem e ninguém reclama
dança uma mulher
embriaga-se um homem
vôa um passaro
e doi em todas as partes sementes que não brotaram
mas ja são plantas adultas
tremendo pelos cantos
quando o vento sopra de cima para baixo
rolam mais ondas
areia de praia
casa de repouso
morte de verdade
em filmes de mentira.
Cafa. 27/01/2012