terça-feira, 31 de janeiro de 2012

PEGASUS




PRESO AO ARADO



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Perda de tempo

pende de um instante
nem se aprofunda e jaz!
é passado
este devorar constante
de instantes
não se pode deter
escorregadiço e fugaz
mais do que viver
o que queremos é viver depois.


cafa



...
Drug culture

A piscina
Sem mergulho

No sonho de vidro
No tempo de lata



...


Cafa
Voar
Flutuar
Me perder
Sem saber de onde eu vim
Orbito teu céu
Então é assim
Não perca jamais
O habito de mim

Cafa

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012




Anjos e demonios


Na roda presa ao fosse que verte água ouço um tiro
recebo um soco
dou de volta um livro sobre a dor
e os carros se atrapalham na larga avenida que cruza teu quintal
com o banho interrompido saio sujo de uma procissão
tropeço em um santo que me pede desculpas
a verdade falha e tarda
cães mordem o próprio rabo
e a ambulancia em velocidade de queda livre
suporta no maximo um doente
minha única preocupação foi barrada na porta
chegou adiantada demais
quis a fada da casa verde outra explicação
quis o policial abraçar um mosaico de cocaina
e a fumaça densa e quente dissipou no ar
quanto desperdicio
procuremos então um oficio
a roda presa gira e de lá sobra uma melodia que não é pra ninguém
mas todos ouvem e ninguém reclama
dança uma mulher
embriaga-se um homem
vôa um passaro
e doi em todas as partes sementes que não brotaram
mas ja são plantas adultas
tremendo pelos cantos
quando o vento sopra de cima para baixo
rolam mais ondas
areia de praia
casa de repouso
morte de verdade
em filmes de mentira.

                                 
                                                  Cafa.  27/01/2012


        A Charles Bukowsky

Uma cadela prenhe
Dorme na soleira
O abajur ilumina
O quarto vazio

A lua corre bêbada
Entre nuvems cinzas

O cinzeiro coroado
A fumaça cortina azul

O dia anterior

Caminho pela Otto Malina*
Dividindo meu espaço
Entre luzes e faróis

Essa beberagem em grupo
Esse casal alcolizado
Essa extase que não cessa nunca

Eletrons
Correntes de eletrons
Meu corpo vive
Alcolicamente
Espasmos
Vômitos
Gozos
E essa paixão ignóbil
Esse momento em decomposição

Entre delirios
Drogas e visões
Reviro emoções
E latas.

* Otto Malina é uma rua que tem um rock bar com um monte de bebados que pensam que estão sóbrios

                                                                                          Paulo Cesar Will  (in memorian)

( Paulo Cezar Will, ou simplesmente Will foi o maior editor de fanzines que conheci, editou zines xerocados que viraram referencia em todo Brasil, tendo também, antes de planet hemp e cia, editado o subversivo zine Folhas da Erva, que pedia a legalização da maconha e fazia explicita apologia ao uo da cannabis. O Rock bar a que ele se referiu no texto é o extinto Village depois Capitão Caverna. Valeu P.C.! com certeza "valeu a pena" . )